UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – DCHL
CURSO: PEDAGOGIA VI
SEMESTRE
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO
DOCENTE: MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA
DISCENTE: JACINEIA DOS REIS MATOS
Analise
Comparativa: Lecto Escrita
Este trabalho visa relatar a analise
de um estudo de caso com uma criança que esteja em processo de alfabetização,
tem por objetivo pontuar algumas barreiras e possibilidades vivenciadas no
contexto de ensino e aprendizagem durante o processo da lecto escrita. Trata-se,
portanto, de um estudo que contém resultados parciais de um trabalho que esta
sendo desenvolvido para fins avaliativos da disciplina Metodologia da
Alfabetização. Este estudo é fruto de inquietações que foram surgindo ao longo
do VI semestre em que estudamos grandes referencias da alfabetização como: Emília Ferreiro e Ana Teberosky, estas
são pesquisadoras da Psicogênese da língua escrita, e de aspectos linguísticos
pertinentes à alfabetização.
Em suas pesquisas Ferreiro e Teberosky
(1986) desenvolvem aspectos propriamente linguísticos da Psicogênese da língua
escrita, descrevem o aprendiz formulando hipóteses a respeito do código,
percorrendo um caminho que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silábico,
silábico- alfabético e alfabético. Essa construção, demonstra que a pesquisa segue
uma linha regular, organizada em três grandes períodos: 1º) o da distinção
entre o modo de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras,
números, sinais); 2º) o da construção de formas de diferenciação, controle
progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de grafias) e o
eixo quantitativo (quantidade de grafias). Esses dois períodos configuram a
fase pré-linguística ou pré-silábica; 3º) o da fonetização da escrita, quando
aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e
terminando no alfabético. (MENDONÇA, MENDONÇA p.38).
Esta
intervenção foi realizada com uma criança de 6 anos de idade, que irá cursar o
1º ano “alfabetização” em 2016. Em meio
as minhas observações notei que o aluno se encontra entre os níveis de
aprendizagem pré- silábico e silábico, durante a realização da atividade
percebi que o aluno estava desatento a atividade proposta. Os autores expõem
que:
No nível pré-silábico,
em um primeiro momento, o aprendiz pensa que pode escrever com desenhos,
rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, imaginando que a palavra assim
inscrita representa a coisa a que se refere. Há um avanço, quando se percebe
que a palavra escrita representa não a coisa diretamente, mas o nome da coisa.
Ao aprender as letras que compõem o próprio nome, o aprendiz percebe que se
escreve com letras que são diferentes de desenhos. (MENDONÇA, MENDONÇA p.39).
O aluno em questão já sabe escrever o seu nome “ZAQUEU” e também já avançou não representa as
palavras com desenhos, às letras já fazem parte de seu amplo conhecimento, porém
ele ainda não dá significado às palavras. Nota-se que o aluno de tanto repetir as
letras que compõe o seu nome as decorou de modo a esquecê-las em alguns
momentos. Ao analisar esta questão percebe-se claramente que este se encontra
no nível pré-silábico. Segundo os autores:
Ainda neste nível, mesmo
após tomar consciência de que se escreve com letras, o aprendiz tenderá a
grafar um número de letras, indiscriminado, sem antecipar quantos e quais caracteres
precisará usar para registrar palavras. Por exemplo, quando o professor pedir
que escreva gato, poderá escrever RARDICO, normalmente
limitando-se a usar apenas um pequeno inventário de letras, como as de seu
nome (RICARDO, por ex.), sem correspondência sonora alguma. (MENDONÇA, MENDONÇA
p.39).
Durante o estudo de
caso Zaqueu ao escrever as palavras LOBO, DADO, BANANA representou utilizando
as letras do seu nome “aeueu” não tendo a noção de quantos caracteres ele
precisaria para escrever o que foi proposto, é curioso notar que na a palavra
DADO ele representou seguindo a mesma perspectiva porem para cada letra ele
pois um símbolo, representando deste modo “iueu”, ou seja, ele acertou a
quantidade de letras, porém de maneira instintiva.
Em minhas analises também notei algumas
características o nível silábico, de acordo com os autores:
Assim, a passagem para o nível silábico é feita com
atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, da palavra
escrita com a palavra falada. O aprendiz descobre que a palavra escrita
representa a palavra falada, acredita que basta grafar uma letra para se poder
pronunciar uma sílaba oral, mas só entrará para o nível silábico, com
correspondência sonora, à medida que seus registros apresentarem esta relação,
por exemplo, para MENINO grafar, MIO (M=me, I=ni, O=no), para GATO, GO (G=ga,
O=to), BEA (B=bo, E=ne, A=ca) para BO-NE-CA, e assim por diante. (MENDONÇA,
MENDONÇA p. 39-40).
Ao escrever a palavra foca, o aluno a representou com
apenas duas letras “ao” reconhecendo assim o som das vogais na palavra.
Demostrou assim que também está no nível silábico. Ao final eu pedi que ele
fizesse o alfabeto e ele sempre retomava a letra “A” fazendo uma sequencia até
chegar a letra em que parou na durante a construção, houve um momento em que
ele cansou de voltar ao inicio para escrever o alfabeto e representou com várias
letras L, logo após de preencher todas as linhas propostas pela atividade de
sondagem o aluno falou “pronto terminei”.
É comum, principalmente entre as crianças, encontrarmos alunos que
parecem “comer letras” ou usar mais letras do que as palavras requerem.
Entretanto, os adultos reconhecem como palavras, combinações de letras e
sílabas com algum significado e que se distinguem dos desenhos. Sabem que o
alfabeto não basta, para ler e escrever. Muitos o sabem de cor, inclusive com o
valor fonético das letras, mas não conseguem combiná-las. Isto pode implicar
condutas diferenciadas na orientação de crianças que aceitam bem a didática do
nível pré-silábico, e de adultos que preferem segmentos maiores com
significação, caminhando da palavra para a análise das famílias silábicas. (MENDONÇA,
MENDONÇA p.40).
Após esta análise foi possível concluir que o aluno
em questão reconhece as letras do alfabeto, mas não faz a diferenciação entre
maiúsculas e minúsculas, para representar a letra K, ele utilizou a letra Q, o que
é bastante normal em sua idade, pois as duas possuem sons parecidos, mais
tarde, ao longo de seu processo de alfabetização ele irá avançar para os níveis
silábico-alfabético e alfabético.
Referencias:
MENDONÇA, Onaide; MENDONÇA, Olympio. Escrita: contribuições, equívocos e
consequências para a alfabetização. Revista: conteúdo e didática de
alfabetização. Unesp. p. 36-57.
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