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quinta-feira, 24 de março de 2016

Analise do Estudo de Caso da Lecto Escrita

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB           DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – DCHL
CURSO: PEDAGOGIA VI SEMESTRE
DISCIPLINA: METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO
DOCENTE: MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA
DISCENTE: JACINEIA DOS REIS MATOS

 


Analise Comparativa: Lecto Escrita



Este trabalho visa relatar a analise de um estudo de caso com uma criança que esteja em processo de alfabetização, tem por objetivo pontuar algumas barreiras e possibilidades vivenciadas no contexto de ensino e aprendizagem durante o processo da lecto escrita. Trata-se, portanto, de um estudo que contém resultados parciais de um trabalho que esta sendo desenvolvido para fins avaliativos da disciplina Metodologia da Alfabetização. Este estudo é fruto de inquietações que foram surgindo ao longo do VI semestre em que estudamos grandes referencias da alfabetização como: Emília Ferreiro e Ana Teberosky, estas são pesquisadoras da Psicogênese da língua escrita, e de aspectos linguísticos pertinentes à alfabetização.

Em suas pesquisas Ferreiro e Teberosky (1986) desenvolvem aspectos propriamente linguísticos da Psicogênese da língua escrita, descrevem o aprendiz formulando hipóteses a respeito do código, percorrendo um caminho que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silá­bico, silábico- alfabético e alfabético. Essa construção, demonstra que a pesquisa segue uma linha regular, organizada em três grandes períodos: 1º) o da distinção entre o modo de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras, números, sinais); 2º) o da construção de formas de diferenciação, controle progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de gra­fias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias). Esses dois períodos configuram a fase pré­-linguística ou pré-silábica; 3º) o da fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no alfabético. (MENDONÇA, MENDONÇA p.38).

Esta intervenção foi realizada com uma criança de 6 anos de idade, que irá cursar o 1º ano “alfabetização” em 2016.  Em meio as minhas observações notei que o aluno se encontra entre os níveis de aprendizagem pré- silábico e silábico, durante a realização da atividade percebi que o aluno estava desatento a atividade proposta. Os autores expõem que:

 No nível pré-silábico, em um primeiro momento, o aprendiz pensa que pode escrever com desenhos, rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, imaginando que a palavra assim inscrita representa a coisa a que se refere. Há um avanço, quando se percebe que a palavra escrita representa não a coisa diretamente, mas o nome da coisa. Ao aprender as letras que compõem o próprio nome, o aprendiz percebe que se escreve com letras que são diferentes de desenhos.  (MENDONÇA, MENDONÇA p.39).

O aluno em questão já sabe escrever o seu nome “ZAQUEU” e também já avançou não representa as palavras com desenhos, às letras já fazem parte de seu amplo conhecimento, porém ele ainda não dá significado às palavras. Nota-se que o aluno de tanto repetir as letras que compõe o seu nome as decorou de modo a esquecê-las em alguns momentos. Ao analisar esta questão percebe-se claramente que este se encontra no nível pré-silábico. Segundo os autores:

 Ainda neste nível, mesmo após tomar consciência de que se escreve com letras, o aprendiz tenderá a grafar um número de letras, indiscriminado, sem antecipar quantos e quais ca­racteres precisará usar para registrar palavras. Por exemplo, quando o professor pedir que escreva gato, poderá escrever RARDICO, normalmente limitando-se a usar apenas um pequeno inven­tário de letras, como as de seu nome (RICARDO, por ex.), sem correspondência sonora alguma. (MENDONÇA, MENDONÇA p.39).

Durante o estudo de caso Zaqueu ao escrever as palavras LOBO, DADO, BANANA representou utilizando as letras do seu nome “aeueu” não tendo a noção de quantos caracteres ele precisaria para escrever o que foi proposto, é curioso notar que na a palavra DADO ele representou seguindo a mesma perspectiva porem para cada letra ele pois um símbolo, representando deste modo “iueu”, ou seja, ele acertou a quantidade de letras, porém de maneira instintiva.

 Em minhas analises também notei algumas características o nível silábico, de acordo com os autores:

Assim, a passagem para o nível silábico é feita com atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada. O aprendiz descobre que a palavra escrita representa a palavra falada, acredita que basta grafar uma letra para se poder pronunciar uma sílaba oral, mas só entrará para o nível silábico, com correspondência sonora, à medida que seus registros apresentarem esta relação, por exemplo, para MENINO grafar, MIO (M=me, I=ni, O=no), para GATO, GO (G=ga, O=to), BEA (B=bo, E=ne, A=ca) para BO-NE­-CA, e assim por diante. (MENDONÇA, MENDONÇA p. 39-40).

Ao escrever a palavra foca, o aluno a representou com apenas duas letras “ao” reconhecendo assim o som das vogais na palavra. Demostrou assim que também está no nível silábico. Ao final eu pedi que ele fizesse o alfabeto e ele sempre retomava a letra “A” fazendo uma sequencia até chegar a letra em que parou na durante a construção, houve um momento em que ele cansou de voltar ao inicio para escrever o alfabeto e representou com várias letras L, logo após de preencher todas as linhas propostas pela atividade de sondagem o aluno falou “pronto terminei”.

É comum, principalmente entre as crianças, encontrarmos alunos que parecem “comer le­tras” ou usar mais letras do que as palavras requerem. Entretanto, os adultos reconhecem como palavras, combinações de letras e sílabas com algum significado e que se distinguem dos de­senhos. Sabem que o alfabeto não basta, para ler e escrever. Muitos o sabem de cor, inclusive com o valor fonético das letras, mas não conseguem combiná-las. Isto pode implicar condutas diferenciadas na orientação de crianças que aceitam bem a didática do nível pré-silábico, e de adultos que preferem segmentos maiores com significação, caminhando da palavra para a análise das famílias silábicas. (MENDONÇA, MENDONÇA p.40).

Após esta análise foi possível concluir que o aluno em questão reconhece as letras do alfabeto, mas não faz a diferenciação entre maiúsculas e minúsculas, para representar a letra K, ele utilizou a letra Q, o que é bastante normal em sua idade, pois as duas possuem sons parecidos, mais tarde, ao longo de seu processo de alfabetização ele irá avançar para os níveis silábico-alfabético e alfabético.
 

Referencias:

MENDONÇA, Onaide; MENDONÇA, Olympio. Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a alfabetização. Revista: conteúdo e didática de alfabetização. Unesp. p. 36-57.

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