UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
DEPARTAMENTO
DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – DCHL
CURSO:
PEDAGOGIA VI SEMESTRE
DISCIPLINA:
METODOLOGIA DA ALFABETIZAÇÃO
DOCENTE:
MARIA DA CONCEIÇÃO FERREIRA
DISCENTE: RAVENA ALVES SILVA
FICHAMENTO
Alfabetização
e escolarização: A instituição
do letramento escolar.
SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e escolarização: A
instituição do letramento escolar. In: SANTOS, C. F.; MENDONÇA, M. (Org.).
Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.p.23-36.
“Apesar
de se poder estabelecer relação linear e causal entre a industrialização e a
constituição de uma escola universal, não se pode afirmar que, a partir do
século XVIII, passou-se do total analfabetismo para a alfabetização graças
apenas à escolarização” (SANTOS,
2007, p. 25).
“Estudos
têm mostrado quanto autônoma tem sido a história da alfabetização em relação à
história da escola. Ou seja, não foi preciso que primeiro fosse implantada uma
escolarização em massa para que as pessoas comuns fossem alfabetizadas” (SANTOS, 2007, p. 25).
“Antes
do desenvolvimento de um sistema burocrático de ensino, o processo de
alfabetização ocorria de modo informal, a aprendizagem da leitura e da escrita
se dava nos grupos aos quais as pessoas faziam parte e nos mais variados
ambientes, como a própria casa ou local de trabalho” (SANTOS, 2007, p. 25).
Para
Cook-Gumperz a alfabetização “foi capaz de permitir o crescimento de uma
cultura popular letrada, que passou a fazer parte da vida diária das pessoas comuns.
A princípio, as práticas de leitura, primeiramente, e a escrita mais tarde,
possuíam valor nas áreas recreativas e sociais, assumindo apenas posteriormente
um papel na vida econômica dessas pessoas” (SANTOS, 2007, p.25).
De
acordo com Laqueur “[...] As pessoas não se alfabetizavam por esta ou aquela
razão em particular, mas porque se sentiam mais e mais tocadas em todas as
áreas de suas vidas pelo poder da comunicação que apenas a palavra escrita
torna possível. Havia, portanto, uma motivação para aprender a ler e a
escrever; estas habilidades permitiam que homens e mulheres funcionassem mais
efetivamente em uma variedade de contextos sociais. Isto explica por que, na
ausência de escolas externamente patrocinadas, ambientes apoiados internamente
eram responsáveis pela criação e transmissão da alfabetização” (SANTOS, 2007, p.26).
“A
escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma alfabetização
popular que promoveu uma cultura popular letrada que se constituiu como parte
de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas o acesso à escola” (SANTOS, 2007, p.
27).
“A
implantação de um sistema público de instrução nos séculos XVIII e XIX parece
não ter ocorrido como estímulo à alfabetização da população, mas, pelo
contrário, buscou subjugá-la, controlando “tanto as formas de expressão quanto
de pensamento”” (COOK-GUMPERZ, op cit., p. 40, apud, SANTOS, 2007, p.
28).
“A
aprendizagem da língua escrita assume, a partir da escolarização formal, um
caráter de alfabetização escolar, passando a considerar como verdadeiramente
alfabetizado apenas o sujeito que passasse pela escola” (SANTOS, 2007, p.
28).
“À
medida que o processo de escolarização estava sendo implantado, as práticas
populares passaram a ser controladas, modificadas ou substituídas” (SANTOS, 2007, p.
28).
“Uma
das primeiras conseqüências dessa relação que passa a se estabelecer entre a
alfabetização e a escolarização foi a instituição de um processo de
alfabetização distanciado dos usos e do material de leitura e de escrita
presentes no cotidiano das pessoas. O que passa a ser ensinado mediante a
alfabetização escolarizada não faz parte de uma cultura letrada local, uma vez
que um ensino que se quer universal necessita de um saber padronizado e
sistematizado” (SANTOS,
2007, p. 29).
“A
alfabetização efetivada na escola deixa de trabalhar as habilidades discursivas
e trata a linguagem meramente como fenômeno lingüístico abstrato” (SANTOS, 2007, p. 29).
“Segundo
Soares (1998), essa relação estreita entre escolarização e letramento controla
muito mais do que expande as práticas de letramento, já que desconsidera as
práticas de leitura e escrita vividas fora do espaço escolar” (SANTOS, 2007, p.
30).
“Objetivando
garantir o acesso a um saber padronizado, a escola se estruturou de forma
orgânica e sistematizada. O conhecimento foi, então, dividido e distribuído em
programas escolares que determinavam o que deveria ser conhecido, em que tempo,
de que modo e como deveria ser avaliado” (SANTOS, 2007, p.
30).
“Conforme
Chartier (2000), o século XIX constituiu-se como o século dos manuais de
leitura, quando se instalou a disputa entre os partidários de diferentes
métodos: métodos de leitura com soletração ou sem ela, depois métodos simultâneo
de leitura e escrita, que não utilizavam mais soletração. Havia ainda os
abecedários compostos de uma variedade de listas: de sílabas sem significado,
de palavras classificadas pelo tamanho (uma, duas, três sílabas), etc” (SANTOS, 2007, p.
30-31).
“Assim
como proposto na “Conduite” de La Salle e nos manuais de leitura do
século XIX, o ensino deveria ser iniciado pelas unidades menores (letras,
sílabas) e levar à sua memorização; passar, então, para às palavras e, só
depois introduzir os textos” (SANTOS,
2007, p. 32).
“Assim
como os mestres dos séculos XVIII e XIX, muitos professores ainda hoje concebem
o ato de ler e escrever como algo neutro e universal e acreditam que o problema
fundamental da alfabetização é uma questão de escolha do método a ser utilizado”.
(SANTOS, 2007, p. 32).
“Os professores também não se consideram
“verdadeiros” leitores em razão de, apesar de terem acesso a material escrito
valorizado pela escola, não conseguem fazer uso das “competências e esquemas de
percepção e apreciação transmitidos pela escola”” (BATISTA, 1998, p. 31, apud, SANTOS, 2007, p.
33).
“Talvez
a resposta esteja em começar a fazer uma reflexão acerca dos objetivos e
valores que têm sustentado as práticas de ensino da língua escrita na escola.
Discutindo a noção de método que tem sido entendido como sinônimo de manual, de
regras a ser seguidas, e começar a considerá-lo como soma de ações baseadas em
conjunto de princípios que responde a objetivos determinados” (SOARES, 2004,
apud, SANTOS, 2007, p. 34).
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