UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – DCHL
CURSO: PEDAGOGIA
DISCENTE: JACINEIA DOS REIS MATOS
FICHAMENTO
Alfabetização e escolarização: a instituição do letramento escolar
SANTOS, Carmi Ferraz. Alfabetização e escolarização: a instituição do letramento escolar. In: SANTOS Carmi Ferraz e MENDONÇA Márcia. Alfabetização e letramento: Conceitos e relações. 1ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.p. 23-35.
A autora aborda que "pesquisadores voltados para discussões sobre o letramento têm questionado essa visão da alfabetização popular como meramente um produto desse processo de escolarização de massa impulsionado pela industrialização". (SANTOS, 2007, p.24).
Santos cita Cook-Gumperz (1991), e discutindo essa relação entre alfabetização e escolarização, afirma que "a alfabetização de uma parcela considerável da população da Europa precedeu o desenvolvimento industrial. Antes do desenvolvimento de um sistema burocrático de ensino, o processo de alfabetização ocorria de modo informal, a aprendizagem da leitura e da escrita se dava nos grupos aos quais as pessoas faziam parte e nos mais variados ambientes, como a própria casa ou local de trabalho". (COOK-GUMPERZ 1991 apud SANTOS, 2007, p.25).
A autora aponta que "não foi a escolarização que promoveu a alfabetização. Pelo contrário, a escolarização foi uma consequência do desenvolvimento de uma alfabetização popular que promoveu uma cultura popular letrada que se constituiu como parte de um movimento em favor de mudanças sociais, entre elas o acesso à escola". (SANTOS, 2007, p.27).
Segundo Cook-Gumperz, "a demanda por uma escola formal partiu de pelo menos duas forças: 1) da pressão das pessoas comuns que defendiam a alfabetização e a conquista da escolarização como parte de seu desenvolvimento pessoal e social; 2) da crescente necessidade de uma força de trabalho com um senso de disciplina e de competências escolares". (COOK-GUMPERZ 1991 apud SANTOS, 2007, p.27).
Entretanto a autora expõe que "para outros o valor da instrução institucionalizada estava em possibilitar a retirada da alfabetização das mãos de grupos populares, promovendo, assim, um ensino sob controle do sistema público". (SANTOS, 2007, p.27).
De acordo com Gumperz, "a implantação de um sistema público de instrução nos séculos XVIII e XIX parece não ter ocorrido como estímulo à alfabetização da população, mas, pelo contrário, buscou subjugá-la, controlando "tanto as formas de expressão quanto de pensamento". (COOK-GUMPERZ, 1991, apud SANTOS, 2007, p.28).
No entanto, a autora explana que "não se pode negar o papel que a escola exerce hoje em nossa sociedade e que, para muitos indivíduos, ela seja, talvez, o único meio de acesso à aprendizagem sistemática da escrita. É preciso considerar também que a escola apresenta suas especificidades e, por isso, discutir as práticas de alfabetização realizadas dentro de seus muros não se trata apenas de substituir as formas de trabalho escolar". (SANTOS, 2007, p.33).
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